formar parte da nossa nacionalidade, a abandonar tudo o que lhe é mais caro em sua pátria, solicitando-lhe que venha com a sua família, a sua indústria, o seu trabalho, o seu capital, para enriquecer e engrandecer o nosso país, e fechar-lhe as portas dos mais altos postos do país que adota como seu, eis um absurdo tão somente explicável pelas circunstâncias e a época em que a nossa Constituição foi promulgada.
Acabávamos de proclamar a nossa independência, e o nosso país achava-se ainda em hostilidades para com a mãe-pátria. A exclusão dos estrangeiros de alguns dos cargos mais importantes do Estado foi adotada com o propósito de tomar tais cargos das mãos dos portugueses, e conservá-los fora de seu alcance. Agora, porém, é um absurdo, que não tem mais sua razão de ser. É uma exclusão odiosa, sobretudo num país novo que tem necessidade de atrair a emigração com todas as suas forças.
Resta-nos tratar da desigualdade religiosa em que os estrangeiros são colocados em relação aos nacionais. Essa desigualdade transpira por todos os poros da nossa legislação, a começar pela Constituição, que estabelece que a religião do Estado é a Católica, e a considerar como uma instituição civil e política que tem um lugar distinto entre os vários ramos da nossa organização social.
A ela são destinadas todas as honras oficiais; são construídas igrejas à custa do Estado; um importante lugar nos orçamentos; dos impostos pagos por todos os membros de todas as religiões, só ela, a Católica, tem os proventos. As demais seitas, apenas a Constituição concede tolerância: admite-as, mas com certa desconfiança, certa reserva, na qual os membros das seitas dissidentes podem distinguir uma espécie de suspeição. Por outro lado, a Constituição exige, para o exercício de certas funções, o juramento de manter a religião católica. É um novo obstáculo, uma nova injustiça, para o estrangeiro naturalizado que pertence a uma seita dissidente. Ou deve trair à sua própria consciência, ou ver-se-á excluído para sempre de muitos dos mais altos cargos oficiais.
Todos esses obstáculos, acrescidos àqueles já por nós mencionados na parte relativa aos casamentos, constituem a parte mais difícil do nosso programa. A questão religiosa levanta sérias dificuldades dos dois lados. Por um deles, temos que vencer os preconceitos nacionais a respeito; por outro, os sectários das seitas diferentes da católica demonstram a maior repugnância em vir para um país onde as suas crenças são simplesmente toleradas, enquanto que o casamento, que é a base da família e da sociedade, não se apoia sobre bases sólidas e