derrubados e buracos que obstruíam o caminho. As pessoas que o acompanhavam estavam quase todas vestidas de couro, ao passo que as selas e os arreios dos cavalos, curiosamente trabalhados, eram enfeitados com placas de prata ou cobertos de conchas. Os estribos eram não raras vezes do mesmo metal há pouco citado. Levava-nos o caminho através de florestas magníficas, compostas em boa parte de palmeiras, fazendo-nos chegar ao cabo de uma marcha de hora e meia à aldeia, que se localiza no campo, cerca de duas léguas e meia a oeste. Esta aldeia está longe de ser interessante como a dos Carajás, porque os índios que nela habitam já adquiriram aquele começo de civilização que corrompe os povos selvagens, sem lhes poder ainda dar em troca a reforma de seus bárbaros costumes. E coisa que só o cristianismo pode conseguir.

As casas tinham todas a mesma forma e eram cobertas com folhas de palmeira, à moda das dos brasileiros. Apenas, estavam dispostas em círculo, de maneira a circunscrever uma grande área central. Estas choças são bastante espaçosas, oferecendo internamente aspecto particular. Cada uma delas é habitada por diversas famílias, muito embora não existam quaisquer paredes divisórias. Dormem estes índios em camas de pau bastante altas e seus utensílios se compõem principalmente de cuias e cabaças, além dos enfeites e armas, que cobrem literalmente as paredes.

Embora já possuam espingardas e alguns objetos outros obtidos através de suas relações com os civilizados, vivem estes selvagens completamente nus e nem mesmo possuem o cordão dos índios do Araguaia. Já vimos conto se arranjam para dar às orelhas o enorme tamanho de que tanto se orgulham. Desde a mais tenra idade, fende-se o lobo da orelha da criança, introduzindo-se no buraco um pequeno pau, que é substituído sucessivamente por outros de tamanho crescente, até que se torne possível colocar em lugar deles rodelas de duas a três polegadas de diâmetro.