À cabaça com pedras dá ele o nome de macará, dizendo ser ela destinada a representar a "voz do espírito".

A cada momento chegavam a Boa Vista canoas cheias de gente; uns vinham para ficar, atraídos pela fama de santidade de que gozava o missionário; outros, e eram a maioria, em virtude de um jubileu estendido a todas as missões do Brasil. Entre os últimos estavam o comandante e os oficiais do posto de Carolina, que fica no rio Tocantins e dentro em pouco nos vai ocupar. No dia 3 apareceu-me um chefe apinajé, trazendo as curiosidades que eu na véspera tinha escolhido; em troca, pediu-nos pólvora e chumbo, artigos especialmente procurados pelos índios. Entre outros objetos, recebi dele uma pele de tamanduá didáctilo, completamente branca. O animal me parece raro.

A 6 consegui que o chefe apinajé me desse um menino de uns seis anos de idade. Meu desejo era levá-lo comigo e poder assim acompanhar o desenvolvimento da inteligência numa criança selvagem. O pequeno Catama, como era chamado, era filho do chefe. Nunca pude saber ao certo sua história; mas, contou-me ele mais de uma vez ter sido confiscado pelo vendedor, pelo fato de lhe ter matado uma galinha a flechada. Cederam-mo em troca de uma espingarda. A pobre criança ficou muito amedrontada desde que se viu no meio de estranhos; mas depressa se consolou diante de algumas laranjas e de um pouco de açúcar, coisa que ele não conhecia, mas que estava muito de seu gosto. Vindo a noite, dormiu ele numa esteira debaixo das nossas redes; mas, ao acordar, espantado com a situação em que agora se via, pôs-se a dar grandes gritos. Não sabendo como acalmá-lo, o sr. Deville tomou-o em sua rede e ele logo se calou. Ao clarear o dia não pudemos deixar de rir gostosamente vendo o nosso companheiro de viagem todo pintado de vermelho pelo urucum de que o menino estava lambuzado. Foram necessários vários dias para fazer desaparecer essa pintura. Catama