sem maior resultado. Sentia-me muito contrariado com o descaso dos moradores da povoação e teria com certeza continuado a viagem se não fosse a necessidade de angariar provisões. Como última tentativa, mandei o furriel ver o que se estaria passando nesse silencioso arraial. Apareceu por fim, na beira do rio, uma negra, que assim que nos viu correu aterrorizada. Continuamos a dar tiros de espaço em espaço, mas, apesar de ser meio-dia, nada prometia fazer sair esta população de seu letárgico sono. Voltou o furriel com a notícia de que efetivamente toda a gente dormia em Carolina. Passado finalmente um quarto de hora ouviu-se um tiro, seguido de outro, tardia saudação; apareceram cabeças de homens e mulheres, todos estremunhados e com os sinais claros da contrariedade que qualquer um experimenta quando é despertado de seus sonhos. Corria o tempo e começávamos já a nos acreditar transportados numa daquelas cidades votadas ao sono de que falam os contos do Oriente, quando nos apareceu o comandante, escoltado por quatro ou cinco dos maiorais da povoação. Tão ruidosamente me acolheram quão friamente os recebi. Confessaram que de fato muito se haviam admirado de serem assim despertados dia alto e que todos na cidade dormiam ainda sono profundo. Sob o governo de um capitão desregrado, esse posto de fronteira adotara, como coisa normal, o hábito de passar as noites em plena orgia e perder o dia no sono da embriaguez. Fomos alojados numa casa de antemão preparada para nós e à noite os meus companheiros de viagem foram tomar parte num baile em casa de um dos personagens importantes do lugar. Não tentarei descrever o salão da orgia a que lhes foi dado assistir. Beberam-se às mais incríveis e obcenas saúdes e nunca talvez as tisnadas filhas dos trópicos terão dançado com maior frenesi, ao som da viola e da guitarra. Com o sabre na mão e a pistola à cinta, o capitão Rufino não lhes permitia um minuto de descanso sequer; o chicote