ali estava, sempre pronto a castigar o soldado que se recusasse a completar a orquestra, ou que deixasse de tomar na orgia a parte que lhe cabia. Tiros de mosquetaria e rojões anunciavam o momento em que iam ser tomadas novas saúdes. O jovem oficial que havia tão bem sabido corromper toda a população podia ter uns vinte e quatro anos; sua grande beleza física tornava comovedora a palidez que lhe cobria os traços doentios. Para dar ideia da moralidade desse lugar, basta que eu diga que numa população de cerca de 800 habitantes apenas duas mulheres eram casadas. Já por várias vezes os xavantes tinham entrado na cidade e as mulheres para ir à fonte lavar roupa necessitavam de uma escolta militar. O número das casas era de cento e dezessete; dispunham-se em ruas pouco regulares e ficavam à volta de uma grande praça. Eram na sua maioria construídas de adobes, espécie de tijolos de terra, secos ao sol. Havia aqui um personagem importante, dado ao exercício da medicina, mas que, como ele próprio dizia, era apenas um "aficionado". Usava um único remédio para todas as doenças que acometem o homem, e que outro não era senão a medicina de Leroy. A crer-se na fama que corria ao seu respeito, o número de suas vítimas não ficava aquém do das feitas pelos xavantes. Fazia um calor insuportável, o que tornava penosíssimas as observações astronômicas necessárias à determinação da posição astronômica do lugar, bem como a mensuração trigonométrica da largura do Tocantins. Achamos para esta última 548 metros. Como nos fossem necessárias umas doze ou quinze jornadas para atravessar o sertão deserto que nos separava de Porto Imperial, resolvi mandar na frente a canoa grande, com o fim de chegar antes de nós ao sítio do coronel Ladislau e providenciar aí pela preparação de farinha e de carne-seca.

No dia 18 deixamos sem saudades esse posto onde campeava o vício e a mais grosseira imoralidade. Até 1840