sob qualquer ponto de vista, só tivemos motivo para elogiar, durante toda a travessia.
Fizemos vela a 30. Íamos empreender uma viagem cujos perigos conhecíamos, sendo-nos fácil prever que, pelo menos, alguns dos nossos estariam fadados a não mais rever o solo pátrio; assim, não foi sem profunda emoção que vimos as costas da França afastarem-se de nós, cada vez mais.
Na altura do cabo de São Vicente, a sessenta léguas da costa, algumas aves vieram refugiar-se a bordo, entre as quais um andorinhão de cauda bifurca, um maçarico e uma andorinha de garganta cor de ferrugem.
Assim que nos sentimos melhorados do enjoo, entregamo-nos ao estudo dos animais marinhos; assestado na frente do navio, um homem se ocupava continuamente em pescá-los, conseguindo para nós algumas espécies interessantes: hiáleas, medusas, etc. Uma destas últimas tinha a forma de um cogumelo; quando se lhe tocava, contraia-se fortemente; sua consistência era extremamente mole, a matéria gelatinosa que a cobria muito transparente, e a superfície salpicada de pequenos pontos brancos, rodeados de um círculo pardo; em sua periferia prendia-se uma dezena de filamentos cor-de-rosa. Nadava ora com a coroa para cima, ora de lado, ora completamente virada. Era considerável a quantidade de mucosidade por ela produzida. Todavia, os moluscos que atraíam particularmente nossa admiração eram as fisálias,(1) Nota do Tradutor que receberam dos marinheiros o merecido nome de galeras, por causa da maneira graciosa com que nadam, usando à guisa de vela a crista que as encima, enquanto os numerosos tentáculos vão procurar a um metro de profundidade os animálculos de que se alimentam