Expedição às regiões centrais da América do Sul v.1

Todo seu corpo é azul celeste, com uma linha cor de púrpura ao longo da crista; a parte inferior é guarnecida de duas espécies de filamentos, uns longos e esverdeados, debruados de violeta, outros mais curtos, formados de gotículas, ou semelhantes a rosários e ornados de variegadas cores. Tocando-se nos grandes tentáculos, experimenta-se uma queimadura semelhante à produzida pela urtiga.

A 12 de maio, pela primeira vez depois de nossa partida de França, avistamos terra; eram dois ou três rochedos apontando no horizonte e conhecidos pelo nome de Ilhas Selvagens. Ao raiar do dia seguinte estávamos em frente de Santa Cruz de Tenerife. A terra que se erguia ao nosso lado apresentava aspecto dos mais sombrios; via-se um imenso amontoado de picos e de cumes escabrosos, que me lembravam o aspecto da lua, tal como a representam as cartas deste satélite. O mar estava muito agitado, pelo que o comandante anunciou não poder enviar à terra mais do que uma embarcação, onde havia lugar apenas para mim e mais outro membro da expedição. Essa notícia produziu em meus amigos inexprimível tristeza, tão impacientes estavam por ver novas terras. Combinou-se que a sorte deveria decidir qual deles seria meu companheiro; tendo ela recaído no sr. Deville, descemos ambos para o bote. Alcançamos a costa com dificuldade, pois o mar arrebentava com fúria nos degraus de pedra que servem de desembarcadouro.

Fomos recebidos pelo sr. Brétillard, filho do agente consular de França, que então se achava de licença. Na cidade, que é muito bonita, chamou-nos particularmente a atenção uma fonte existente no largo. Vimos também uma igreja, notável pelos ornamentos em madeira entalhada, e onde se guardam as bandeiras tomadas pelos habitantes, por ocasião ela tentativa mal sucedida do Almirante Nélson.

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