abundante, acompanha as canoas em enxames tão compactos que parecem tênues nuvens de fumo. Fizeram seu aparecimento em densas nuvens no primeiro dia depois de termos atravessado o rio. Antes que eu me apercebesse da presença das mosquinhas, senti leve comichão no pescoço, pulsos e tornozelos e, procurando a causa, vi certo número de pequeninos objetos, parecendo piolhos, aderentes à pele. Foi assim que conheci o tão falado pium. A exame mais atento, vi que eram pequeninos insetos de duas asas, de corpo escuro e patas e asas claras, estas deitadas longitudinalmente sobre o dorso. Eles pousam sem ser percebidos e, apenas pousados, imediatamente entram em ação; as patas anteriores ficam dirigidas para diante, em constante movimento, parecendo agir como antenas, e aplicam as trombas curtas na pele. O abdome logo fica distendido e vermelho de sangue e, satisfeita a sede, afastam-se devagar, às vezes tão pesados, que quase não podem voar. Não se sente nenhuma dor quando estão picando, mas deixam pequena mancha elevada na pele e desagradável irritação. Esta última pode ser evitada em grande parte, fazendo sair o sangue que fica na manchinha; mas isto é trabalho incômodo, quando se tem várias centenas de picadas por dia. Tive o trabalho de dissecar alguns, para ver como operam estas pequeninas pestes. A boca consta de um par de lábios carnosos espessos e duas lancetas córneas triangulares, correspondendo ao lábio superior e à língua dos outros insetos. Isto é aplicado intimamente à pele, feita a picada pelas lancetas e o sangue sugado passa entre eles para o esôfago; a mancha circular resultante coincide com a forma dos lábios. Ao cabo de alguns dias as manchas vermelhas secam e a pele fica enegrecida pelo número incontável de picadas que nela se veem.