O naturalista no rio Amazonas - T1

Meu próprio material talvez não seja suficiente para justificar esta opinião sobre as relações da fauna, pois isso exige a comparação de extensa série de espécies para que se possam obter seguros resultados em tais assuntos. Alguns casos mais salientes, porém, levam à conclusão acima mencionada. Por exemplo: nas aves a bela saíra-de-sete-cores Calliste tatao, a sete-cores dos brasileiros, uma ave de Caiena, é comum às Guianas e aos arredores de Barra, mas não é encontrada mais para oeste, nas margens do Solimões onde, de Ega a Tabatinga, a forma afim Calliste yeni(345) Nota do Tradutor a substitui. O Rhamphasto toco ou tucano pacova (assim chamado porque seu bico parece uma banana ou pacova), ave guianense bem conhecida, também se encontra em Barra, mas não mais para Oeste, em Ega. Nos insetos coleópteros, espécies tais como Aniara sepulchralis, Agra aenea, Stenocheila lacordairei(346) Nota do Tradutor e outros, confirmam este ponto de vista, sendo comuns a Caiena e Rio Negro, mas não se encontram mais para oeste, nas margens do Solimões. Wallace descobriu que o Rio Negro servia de barreira à distribuição de muitas espécies de aves e mamais, certas espécies sendo peculiares à margem oriental e outras à ocidental. A fauna do Alto Amazonas contém, no entretanto, proporção muito grande de espécies guianenses.

A espécie de macaco, que referi acima, era relativamente comum na mata. É o Midas bicolor de Spix, espécie que não encontrava antes, e peculiar, tanto quanto se sabe até agora, à margem oriental do Rio Negro.

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