Pluto Brasiliensis; memórias sobre as riquezas do Brasil em ouro, diamantes e outros minerais v. 2

Sobre esses paredões ainda se observam, aqui e ali, como verdadeiras ilhas, restos das camadas sobrejacentes de itacolomito e de itabirito com a crosta de tapanhoacanga.

As rochas da margem direita mostram visivelmente ser as mesmas da margem esquerda, o que é natural, pois não chega a cem palmos a distância entre as margens. As camadas formam com o terreno acidentado um ângulo de quarenta e cinco a cinquenta graus. Nelas, existe a importante lavra do Fundão, explorada hoje pela sociedade por mim organizada.

Como rocha de profundidade, já foi dito, ocorre o micaxisto, que constitui a maior parte das rochas que se estendem até o ribeirão. É muito compacto e constituído de quartzo branco e de mica geralmente pardacenta ou, às vezes, esverdeada. Nos buchos de quartzo se encontram belíssimos ninhos de cianita, de estrutura radiada e cor azul, envolta por cristais de pirita marcial.

O xisto argiloso se estende paralelamente ao micaxisto e possui a espessura de duas braças. É vermelho, friável e ferruginoso e sobre ele se assenta a camada de quartzo aurífero e de carvoeira, com espessura de uma braça, geralmente.

Sobre esta camada se abriu, ao longo da margem direita do ribeirão, no sentido do mergulho, a duzentos pés de altura, um grande número de escavações, mediante as quais os mineiros foram penetrando em todas as direções, ora por galerias amplas e longas, ora por verdadeiros buracos de tatu. No fundo, principalmente, onde existe maior riqueza, quase inacessível por causa da infiltração das águas, foram abertos diversos salões, em um dos quais foi assentada uma roda hidráulica, conjugada a um rosário de quarenta palmos de comprimento, para esgotamento da água.

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