As lavras vão sendo abandonadas, para no fim desaparecerem de todo. Eis o estado lastimoso a que chegou a mineração no Brasil.
Evitar esses males e dar novo impulso à indústria, eis o objetivo da lei, cujos artigos esbocei.
Sua execução tropeçaria, porém, em um grande obstáculo: o característico nacional dos brasileiros, herdado dos portugueses, isto é, a aversão pela ciência e, sobretudo, a incapacidade de especialização.
Apenas os bacharéis e os padres não abandonam a sua profissão, na esperança de, por esse meio, conseguirem o que desejam. Todos, padres, militares, e civis, corvejam constantemente em torno dos empregos secundários, que lhes prometam maior renda, embora deles nada possam entender.
O militar não se vexa em empenhar-se por um emprego na Capela Imperial, o escrevente não receia pedir um lugar no ministério. O prático em sangrias ambiciona o lugar de cirurgião-mor, o bacharel aspira ao Ministério, o padre ao Comissariado do Exército, e o próprio caixeiro espera tornar-se funcionário público de elevada categoria. O alferes da tropa de linha, comissionado nos postos de major ou de coronel da milícia, julga logo que pode voltar para a sua tropa, com o mesmo posto. O burocrata procura empregar-se como engenheiro e o mais capaz oficial de engenharia deixa sua profissão para tornar-se coletor da Alfândega. O oficial da Marinha passa para a Cavalaria, ao passo que padres eminentes vestem fardas de comandantes de navios.
Não é nada raro encontrar-se pessoas que possuem cinco ou mesmo seis empregos, sem exercer nenhum deles. Além disso, não há funções indignas, desde que deem dinheiro, para aquelas que se encarniçam por obtê-las, esquecendo-se, às vezes, da sua própria posição na sociedade.