O Conselheiro Francisco José Furtado: biografia e estudo de história política contemporânea

quantas desfeitas, quantas bofetadas do Imperialismo!

XXIX. — "De 1845 em diante, continua o conselheiro Torres Homem, foi o corpo legislativo tratado sem a mínima consideração; gabinetes se compuseram fora da sua influência e até sem ciência sua; o ministro incumbido de os organizar propunha em palácio os nomes daqueles com quem lhe convinha servir de acordo com o voto parlamentar; esses nomes eram rejeitados; lembrava outros, depois outros, até que finalmente, esgotada a longa lista dos ministros impossíveis, o governo pessoal compunha um amálgama de entidades heterogêneas, onde apenas um ou outro liberal era incluído para que se não dissesse, que o pensamento dominante no parlamento havia sido desatendido...

Por muito tempo a Câmara dos deputados devorou em silêncio esta infração clamorosa das normas da Constituição, que esterilizava seus esforços, e a inibia de cumprir os graves empenhos, que havia contraído para com a nação. Mas ela sabia que só tinha de optar entre a sujeição à influência inconstitucional da coroa, ou então a guerra civil, o desmoronamento do país, efeitos inevitáveis da reabilitação imediata dos apóstolos do absolutismo ...

"Aquilo de que não havia ainda exemplo nas monarquias modernas, a criadagem da casa do rei ultrajar impunemente os depositários do governo da nação, estava reservado à esta triste época. Um dia era o camarista de semanas que enxotava os ministros de palácio como à cães, e vedava-lhes brutalmente o acesso junto a pessoa do monarca; outro dia era o médico de Sua Majestade, que vinha vangloriar-se em pleno parlamento das humilhações, que os vira sofrer, e cobri-los

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