Memórias da Rua do Ouvidor

útil à restauração de um passado. Tanto quanto os famosos anúncios de jornal do Sr. Gilberto Freyre. Está em Macedo toda a ideologia de uma época, todo o seu estilo de vida. E nos seus trabalhos mais reputados como nos menores. Em A Moreninha como em Memórias do Sobrinho de meu Tio.

Se na sua obra em ficção é ponderável o valor documentário, o que se dirá então de seus trabalhos feitos deliberadamente com o escopo de crônica histórica, de fixação do presente ou reconstituição do passado? Se desse ângulo de mira, o romancista Macedo é fecundo, o Macedo historiador se-lo-á com sobra de razão. E acrescente-se ainda: mesmo pondo de lado esse valor documentário, e analisando-se os seus escritos como literatura apenas, temos que as suas crônicas (digamos "folhetim" para utilizarmo-nos de terminologia do tempo) constituem a parte melhor de sua obra. Pelo menos a querer julgá-las consoante padrões do gosto atual. A sua vocação para o mau romanesco, embora presente, nos livros históricos é muito mais diluída. A narrativa histórica tende forçosamente a aproximá-lo do Realismo que ele abominava. Dissolve-lhe, portanto, o Romantismo, pelo menos no que essa expressão encerra de alambicado ou piegas.

As crônicas históricas de Macedo são as que acabaram dando Um Passeio pelo Rio de Janeiro e Memórias da Rua do Ouvidor. Esses realmente são os seus dois livros mais legíveis nos dias que correm. Os dois livros melhores.

A forma literária aqui escolhida pelo homem de A Moreninha é a do folhetim. Corresponde ela a um momento de nossa evolução social, a um estágio mesmo de nosso jornalismo. Folhetim, literatura para jornal. Daí advêm alguns dos seus primaciais atributos, o primeiro

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