Ensaios de geografia linguística

manobras marinheiras e bélicas, haviam de manter um intercâmbio de ideias e de um glossário marítimo referente aos navios que guarneciam, ao massame, poleame e velame com que eram estes aparelhados. Certo, esta atuação não iria de muito diminuir a outra de origem mourisca já de grande influência sobre o idioma nacional a formar-se, qual nesse mesmo ramo o atestariam os armazéns da Marinha nas ribeiras tejanas batizadas tercenas, ou taracenas, e cuja origem árabe daarsenaah, formaria também os vocábulos darsena dos castelhanos e arsenal, talvez já em uso entre marselheses.

Ainda por algum tempo nas galés e galeotas o instinto guerreiro-marítimo dos lusos se aprimorou como o demonstraram os cercos de Faro e de Sevilha, ou a constante ação naval contra o mouro e o castelhano; mas só no reinado de Dom Diniz, iniciado em 1279 e terminado em 1325, os fundamentos de outra marinha militar seriam lançados com o recurso dos marinheiros do Mediterrâneo sobre os quais grande influência exerceram os normandos, e cujo momento histórico de muito esclarecerá uma passagem deste ligeiro estudo.

MARINHEIROS DO MEDITERRÂNEO

Gênova, grande centro de comércio marítimo e de eficiência militar naval, unida a Pisa, expulsara os árabes da Sardenha desde 1015 ou 1017. Vencida a rivalidade entre pisanos e genoveses, a estes coubera a supremacia marítima em 1113, favorecida pela interferência do Papa, mas sujeita todavia ainda a desavenças e hostilidades dos pisanos. Mais tarde, muito habilmente, na guerra de Frederico II contra o Pontificado, os genoveses a este se aliavam. Destruíam finalmente a frota pisana em 1284, na batalha de Meloria.

Ensaios de geografia linguística - Página 21 - Thumb Visualização
Formato
Texto