CAPÍTULO LXX
PAULO AFONSO, RAINHA DAS CACHOEIRAS
"-wie ein Wasserturz su Felsen brauste
Begierig wüthend, nach dem abgrund zu. Faust.
- De rochedo a rochedo em feroz cataclismo lançado furioso em direção do abismo"(1) Nota do Tradutor.
Não tardamos a ouvir um som cavernoso, abafado, como o ronco de uma tempestade distante. Mas parecia vir das entranhas da terra, como se estivéssemos caminhando sobre ele. Mais uma milha, e o solo parecia tremer como um eterno trovão. O Sr. Manuel Leandro conduziu-nos para a esquerda de onde vinha o ruído e começou a descarregar os animais no lugar habitual de parada. Procurei o prometido Pavilhão dos Viajantes, e vi apenas um poste, único remanescente da casa construída para receber Sua Majestade o Imperador do Brasil, que visitou o lugar em outubro de 1859. O terreno é um leito de areia solta que, no apogeu das enchentes, transforma-se numa corrente. Depois verificaríamos onde ele cai na corrente principal. Nosso rude acampamento abrigava-se à sombra precária de uma alta caraíba mimosa, cujo tronco, em alguns trechos descascado, mostrava muitos nomes. Todos eram de brasileiros.
Eu aconselharia os que visitam Paulo Afonso durante a seca, a fazê-lo logo, com o auxílio de um plano ou guia da Mãe das Cachoeiras, onde todas as águas se juntam após descer ruidosamente. Para que as cataratas sejam admiradas como o devem ser, penso (conquanto as opiniões possam ser discordantes - que o melhor será começar pelo espetáculo mais belo, pela maior emoção, e não dispersar as forças mentais e físicas antes de contemplar a maior formação. Além disso, aquele ponto revela mais claramente a formação que distingue Paulo Afonso de todas as suas irmãs e parentas.
Tirando meus livros de notas e esboços da mochila e pendurando-os no ombro de meu guia, avancei pela margem esquerda do rio, aqui um mal-paiz, semelhante ao de Itaparica. As pedras polidas como se fossem espelhos, ou lajes de mármore, brilhavam e refletiam