CAPÍTULO LVII
DE GUAICUÍ A SÃO ROMÃO
Primeira travessia, 24 léguas(1) Nota do Autor
Aspectos do rio - Arraial da Extrema - Caçada - A lontra - As chuvas do caju - Chegada a São Romão - Sua história - Figueiras gigantescas - Estado atual do lugarejo - Aproximação do bom tempo
"Montanhas vimos, campos mil patentes,
E um terreno nas margens tão extenso,
Que poderá ele só neste hemisfério
Formar com tanto povo um vasto império."
(Caramuru, VI, 27)
Pirapora tinha sido no São Francisco meu terminus ad quam. Era agora a quo, já que o resto da viagem se passaria rio abaixo. O tempo continuava enfarruscado, consequência da tempestade na noite da véspera, mas a atmosfera estava transparente, livre de átomos, esporos e moléculas. O aumento da umidade, tal como na Inglaterra, tornava-a mais clara ainda. Os livros não se encolhiam como no rio das Velhas, em virtude da seca, e um recurso ao vidro de quinino foi considerado aconselhável. O vento geral, ou alísio do leste, começou a soprar. Mas estávamos evidentemente na abertura da estação chuvosa.
Quarta-feira, 18 de setembro de 1867. Dia das têmporas.(2) Nota do Tradutor Naturalmente os atrasos do embarque foram vários. A nova tripulação tinha de despedir-se da população. Era meio-dia até que a "Elisa" pudesse largar, à força de varas, das barrancas do Guaicuí, e virar-se "cabeça abaixo" no grande rio.(3) Nota do Autor Deixamos à direita a ilha do Engenho, na qual se havia aglomerado o povo. As canoas dispararam para as margens aluvionais, que se elevam em degraus regulares. Aquele lado da ilha é arenoso. Crescem abetos em suas margens. A