Descobrimentos do Rio das Amazonas

Caminhando para lá, tornou a perguntar o capitão de quem eram aquelas povoações e responderam os índios que ali estava o seu senhor e começaram a remar para o povoado, a dar notícia da nossa chegada e não tardou muito em que víssemos de lá saírem muitos índios, embarcando nas suas canoas, parecendo homens de guerra que nos quisessem atacar. Mandou o capitão aos seus companheiros que estivessem com as armas aparelhadas, observando que os índios faziam, porque, se nos atacassem, não nos pudessem causar dano. E com muita ordem, remando com todas as forças, abicamos para terra, e os índios pareceram desviar-se.

Saltou o capitão em terra com as suas armas, e atrás dele todos os demais, ficando os índios muito espantados, chegando-se mais para o interior. O entender o capitão a sua língua foi, depois de Deus, o que nos ajudou a não ficarmos no rio. Porque se os não entendesse, nem os índios ficariam em paz conosco, nem teríamos acertado com estas povoações.

Mas era Nosso Senhor servido que se fizesse tão grande descobrimento e que o mesmo viesse ao conhecimento da Cesárea Majestade, Por outra via nem força ou poderio humano seria possível este descobrimento, que com tanta dificuldade se realizava, sem nele pôr Deus a sua mão ou sem que se passassem muitos séculos e anos.

Depois de ter chamado os índios, lhes disse o capitão que não tivessem temor e saltassem em terra. E eles assim fizeram, aproximando-se e mostrando em seus semblantes que folgavam com a nossa vinda. Saltou o senhor em terra, e com ele muitos principais e senhores que o acompanhavam. Pediu licença ao capitão para sentar-se, ficando toda a sua gente em pé; e mandou tirar das canoas grande quantidade de comida, tanto de tartarugas

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