outro dia de manhã o iriam visitar. O capitão apreciou muito a comida e ainda mais a boa razão dos índios, e assim fomos pousar e dormir aquela noite na referida aldeia, onde não nos faltaram em abundância os mosquitos, razão pela qual no outro dia de manhã resolveu o capitão ir para outra aldeia que se via mais abaixo. Aí chegados, os índios não fizeram resistência, antes ficaram quietos, e aí folgamos três dias, trazendo-nos os índios larga provisão de boca.
Um dia mais tarde saímos desta aldeia e caminhamos pelo nosso rio à vista de boas povoações. E indo assim, um domingo de manhã, numa divisão que o rio fazia, bifurcando-se, subiram uns índios, a ver-nos, em quatro ou cinco canoas, carregadas de muita comida. Chegaram perto donde estava o capitão e pediram licença para aproximar-se porque lhe queriam falar. E quando se aproximaram lhe disseram que eram principais e vassalos de Apária, e vinham a seu mando trazer-nos de comer, e começaram a tirar das suas canoas muitas perdizes como as da nossa Espanha, porém maiores, e muitas tartarugas, do tamanho de adargas, e outros pescados. Agradeceu-lhes o capitão e lhes deu aquilo que tinha, e depois de o ter dado, ficaram os índios muitos contentes em ver o bom tratamento que se lhes fazia, assim como em ver que o capitão lhes entendia a língua, que não foi pouco para que saíssemos a porto de salvamento, pois se os não entendesse teríamos por muito difícil a nossa saída. Quando os índios se queriam despedir, disseram ao capitão que fosse à aldeia onde residia o seu principal senhor, que, conforme já expus, se chamava Apária. Perguntando-lhes o capitão por qual dos dois braços tomaria, responderam que eles nos serviriam de guias, que fôssemos em seu seguimento, e assim, dentro em pouco, vimos as povoações onde estava aquele senhor.