Descobrimentos do Rio das Amazonas

perguntou quem era aquele rei, querendo informar-se melhor e ver se o capitão discrepava em seu dizer. Respondeu-lhe o capitão, repetindo as suas palavras, e lhe disse mais que éramos filhos do Sol e que íamos àquele rio, como já contara. Disto muito se admiraram os índios e mostraram muita alegria, tendo-nos por santos ou pessoas celestiais, porque eles adoram e têm por seu Deus ao Sol, que chamam Chise. Logo disseram ao capitão que eles eram seus e lhe queriam servir, e pedisse do que necessitavam ele e os seus companheiros, pois lhe seria dado de muito boa vontade. Muito lhes agradeceu o capitão e mandou dar muitas coisas aos outros principais, e tão contentes ficaram, que dali em diante nada lhes pedia o capitão que logo não lhe dessem. Levantaram-se todos e disseram ao capitão que se demorasse na aldeia, que eles o deixariam desembaraçado, e que queriam retirar-se, mas todos os dias viriam trazer-nos de comer.

Mandou o capitão que viessem todos os senhores a vê-lo, pois queria dar-lhes do que tinha. Vieram todos com grande abundância de comida, e foram bem recebidos e tratados pelo capitão, que a todos repetiu o que já dissera ao principal senhor, tomando posse em todos em nome de Sua Majestade. Eram 26 os senhores, e em sinal de posse mandou pôr uma cruz muito alta, com o que se alegraram os índios, e daí em diante todos os dias vinham trazer-nos de comer e falar com o capitão, sentindo nisto grande prazer.

Vendo o capitão a boa aparelhagem e disposição da terra e a boa vontade dos índios, mandou reunir a todos os seus companheiros e lhes disse que como ali havia bons apetrechos e vontade nos índios, seria bom fazer um bergantim. E assim se puseram mãos à obra. Achava-se entre nós um entalhador, chamado Diego Mexia, o qual, embora não fosse o seu ofício, deu ordem como se havia

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