Descobrimentos do Rio das Amazonas

com isto conhecemos que estávamos fora do senhorio e população daquele grande senhor Apária. Temendo o capitão o que pudesse acontecer pela escassez de mantimento, mandou que os bergantins navegassem com mais pressa que a costumeira.(11)Nota do Tradutor

Um dia de manhã, em que havíamos partido de um povoado, vieram a nós dois índios numa canoa e chegaram perto do bergantim em que ia o capitão e entraram no mesmo. Pensando o capitão que o mais velho conhecesse a terra e nos pudesse levar rio abaixo, mandou que ficasse a bordo, deixando ir-se embora o outro para a sua casa, e começamos a seguir rio abaixo. Mas esse índio não o conhecia nem nele havia navegado, pelo que o capitão ordenou que soltassem e lhe dessem uma canoa em que volvesse para a sua terra.

Daí em diante passamos maiores trabalhos, mais fome e mais despovoados do que antes, porque o rio ia de monte a monte e não achávamos onde dormir, nem ao menos se podia apanhar algum pescado, sendo necessário comer o nosso costumeiro manjar, que eram ervas e, de vez em quando, milho assado. Vindo caminhando com o nosso habitual trabalho e muita fome, um dia, ao meio dia, chegamos a um lugar elevado, que pareceu ter sido povoado e apresentar possibilidades para buscar-se comida ou peixe. Era a 6 de maio, dia de S. João Ante-portam-latinam, e ali sucedeu um caso que eu não ousaria escrever se não tivesse do mesmo tantas testemunhas, ali presentes: aquele companheiro, que dirigiu a construção do bergantim, deu um tiro de balhesta numa ave que estava em uma árvore junto do rio, e saltou a noz da caixa e caiu na água. Outro companheiro, chamado Contreras, lançou um anzol no rio com uma

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