Pelos sertões do Brasil

recursos de que dispunha e a boa vontade de ser agradável à esses nossos pobres e injustiçados patrícios.

Num deles, foi reconhecido o que flechara o animal da Invernada; percebeu logo o índio, pelos gestos dos circunstantes, que se tratava daquele fato e apontando para os bois e os cavalos da Invernada que estavam próximos, pastando, fez compreender que fora ele próprio o autor daquela façanha, mas que não a repetiria.

A segunda afirmativa era feita da forma seguinte: tomando do seu arco, puxava a corda com a flecha na posição do tiro, apontando para um dos animais; deixava depois escapar a corda do entalhe da ponta da flecha e soltava-a bruscamente; a corda batia então no arco e a flecha ficava imóvel.

À noite retiraram-se todos para a roça, onde dormiram deitados diretamente no solo.

Ao amanhecer fizeram grande algaravia para chamar a atenção do pessoal da Invernada, que naturalmente se apressou em verificar o que teria acontecido e ao qual foi fácil compreender que pediam comida.

Levou-lhes Severiano farinha e açúcar, de que se serviu em primeiro lugar, para que não temessem alguma traição, das que, desgraçadamente, alguns civilizados têm feito aos selvícolas; todos imediatamente comeram e se mostraram satisfeitos.

Para fechar com chave de ouro esta longa história, tão singela quanto elevada nas grandes lições que encerra, transcreverei mais este pedacinho do relatório a que me tenho referido:

"A 25 de agosto apareceu outra turma de índios, dos quais, com o emprego de muita paciência, jeito e agrado, consegui aproximar-me. Abracei-os depois e observei que um deles, muito ativo e perspicaz falava tanto que quase não deixava mais ninguém falar.

Pelos sertões do Brasil - Página 539 - Thumb Visualização
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