A estes forneci as minhas próprias roupas e as do soldado Alves, por não haver mais outras em depósito. Saíram satisfeitos".
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Mas também, em compensação, os índios algumas vezes se dedicam ao duro mister de pacificar os civilizados. Haja vista o episódio referido pelo General Rondon em uma conferência que realizou em São Paulo, no ano de 1911.
"Segundo informações ultimamente recebidas, a margem direita do Ji-Paraná é frequentada por índios a que os Jarus chamam: "Rama-Rama". A pessoa que me deu esta notícia, contou-me uma passagem característica da brandura dos instintos destes últimos selvícolas.
Certo seringueiro, dos que sobem o Ji até a foz do Muqui, tinha tão arraigada a prevenção contra os indígenas que punha em prática, com inexorável exatidão a máxima: "Índio visto, índio atirado!" apesar de jamais ter recebido de suas pobres vítimas o menor insulto.
Cansados de tantos sofrimentos, os índios, resolveram "catequizar", "amansar" ou, se quiserem, "domesticar" aquele civilizado, sobre o qual, certamente, teriam uma opinião um tanto ou quanto parecida com a que muitas vezes vemos expender a respeito deles mesmos, isto é, "a de ser um bárbaro, com instintos de fera".
Mas ainda assim não se resolveram a matá-lo; preferiram os meios brandos, e eis o que engendraram:
O truculento seringueiro atravessava habitualmente certo rio, sobre uma pinguela. Dois Rama-Ramas puseram-se a esperá-lo, muito bem ocultos, cada qual em uma das cabeceiras da rústica passagem. Vem o seringueiro, barafusta-se por ali e quando está todo absorvido com as dificuldades naturais de semelhantes passos, a equilibrar-se com os braços para o ar, levantam-se os índios, fechando-lhe as saídas.