Pelos sertões do Brasil

Atônito, o homem perde a presença de espírito e nem mais se lembra da espingarda que traz a tiracolo. Porém, mais atônito ficou, quando viu aqueles selvagens que o podiam acabar em um instante e com toda a segurança, estenderem-lhe as mãos desarmadas, oferecendo-lhe frutas do mato: eram os "brindes" com que intentavam iniciar o trabalho de catequese do civilizado!..."

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Neste como em muitos outros fatos, os índios demonstram que o seu poder de imaginação em nada é inferior ao civilizado e que as suas concepções atestam a sua inteligência e perspicácia, embora se ressintam naturalmente do atraso e da ignorância em que vivem.

Algumas ideias dominantes em certas tribos nos capacitam de que nosso índio é mais adiantado do que muitos povos existentes sobre a Terra e do que o homem branco primitivo.

Ao nosso malogrado companheiro Franco Ferreira que, depois de enumerar as condições de superioridade da sua arma de fogo sobre o arco e a flecha, convidara o índio para uma aposta com que comprovaria as vantagens decantadas e óbvias, um índio respondeu com esta curiosa e inteligente contraproposta:

"Aceito, daqui a três dias, ficando a sua espingarda carregada dentro do rio, ao lado do meu arco e, passado esse prazo, retiraremos de dentro d'água as nossas armas, para atirarmos imediatamente..."

São, por exemplo, semelhantes à concepção católica, as ideias que fazem diversas tribos sobre a formação do mundo e a criação do homem.

Entre outros os Parecis, assim concebem o aparecimento do homem sobre a Terra:

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