À margem da História do Brasil

DIOGO ANTONIO FEIJÓ

Um fantasma do Segundo Reinado



Diogo Antonio Feijó merece, em verdade, uma biografia alentada. Grande já foi o castigo sofrido, de um silêncio histórico aviltante. Começa em 1843 com a sobriedade de notícias sobre o seu falecimento. Ao relê-las, treme o leitor do presente, face a face com a miséria do passado. Feijó, mesmo morto, ainda era temido.... O necrológio do "Jornal do Commercio" foi profundamente sintomático no seu laconismo doloroso: "O Sr. Diogo Antonio Feijó, senador do Império pela Província do Rio de Janeiro, ex-Ministro da Justiça e ex-Regente, faleceu na Cidade de São Paulo" ...

Desaparecido Feijó, foi então criada no 2.° Reinado uma imagem falsa de sua figura — o seu "fantasma". Lembravam-no, timoratos, os políticos da época, não como o ministro formidável de 1831-32 ou como o regente severíssimo de 1835-37; recordavam nele o padre, que propusera anular o celibato do clero, e o político, que melhor realizara a experiência republicana no governo central.