À margem da História do Brasil

pompa fictícia da unidade política dentro do regime monárquico. Foi respeitável, é bem de ver, a força centrípeta da realeza, revigorada com a vinda inopinada de João VI, reforçada pelo gênio político de José Bonifacio, domando o ânimo varonil de Pedro I, refundida pela energia aspérrima de Feijó, intensificada, depois, pela inteligência culta de Pedro II, servida pelo braço firme de Caxias e orientada pela visão política dos melhores esteios do reinado — mas tudo isso de pouco teria valido se não tivesse o trono representado a sua função histórica, movimentando-se num tablado geográfico dentro do qual fora feita a união dos centros básicos, de norte a sul, mal unidos e mutuamente mal amparados ao longo da costa imensa sem ligações estáveis.

Nem tão pouco esqueço uma outra causa sobremodo valiosa como cooperadora do assombro de nossa unidade, apesar do descaso completo (excetuada uma parte apenas da tese esboçada na obra de Nabuco) com que foi esta posta à margem pelos compendiadores de nossa história.

Nabuco compreendeu, em seus justos termos, o fenômeno interessante da republicanização do exército brasileiro ocorrido durante a luta. Euclydes, por seu turno, mostrou o lucro notável que trouxe ao país a vitória da campanha árdua, duramente pelejada em terras longínquas, por isso que adiou — embora fosse em sua opinião sensata