À margem da História do Brasil

Isolado do "todo", sem ligações fáceis, pelo interior ou pela costa, o extremo sul estava destinado ao desmembramento, só impedido depois da luta rude pelas armas durante vários anos. Divorciado do "todo", esteve ainda por seu turno, por largo tempo, o Vale do Amazonas. Salvou-o, primeiro, o impedimento da navegação estrangeira, fechado que esteve o rio ao comércio externo até a Guerra do Paraguai. Salvou-o, mais tarde, a colonização sertaneja de nordestinos na exploração do caucho.

Convenhamos que, se tivessem sido estrangeiros os dois milhões de conquistadores do Acre, teríamos visto nascer o maior perigo internacional encravado no coração brasileiro do continente sul-americano.

Nem posso esquecer, de outro lado, o grande benefício da Guerra do Paraguai, como insufladora do robustecimento da nossa unidade politica, conforme tive já eu mesmo ocasião de assinalar (Pensamentos Brasileiros, 1924), observando que, depois dela, as lutas fratricidas de tendências separatistas transformaram-se em lutas políticas parlamentares. De resto, o benefício da guerra, neste sentido da unidade cimentada por gentes do sul e do norte nas pelejas rudes do Paraguai, foi a repetição mais complexa e mais larga daqueIe mesmo fenômeno mais fácil de ser observado no Uruguai e na Argentina. "Amolecido, primeiro, nos charcos do Paraguai, foi em verdade só depois daquela luta que o barro americano acabou sendo modelado