À margem da História do Brasil

as lindes da raia divisória por ocasião da partilha das Capitanias Hereditárias, unificado dentro da coroa espanhola de 1580 a 1640, o Brasil desrespeitou todos os tratados, todos os textos, todas as palavras oficiais e cresceu por si, por conta própria, independentemente dos desejos da mãe pátria. Não conheço exemplo maior, nem mais notável, do que esse que, de maneira tão esplêndida, bem demonstra o pouco, o pouquíssimo que vale a vontade dos governos em face de uma opinião pública generalizada e devidamente orientada.

Enfim, como opinou João Ribeiro, o grande modelador inicial de nossa história pátria, expurgando-a das ingenuidades de Rocha Pitta, despindo-a das fantasias enganosas e pomposas de Pereira da Silva e Mello Moraes, e realizando em português a obra resumida daquilo que Martius esboçara em München, mais de meio século antes em projecto sintético sobremodo notável: "Só a formação de uma raça inteiramente aclimatada ao solo e ao céu do Brasil, como era a dos paulistas, poderia preparar tamanhos resultados" (1900, Historia do Brasil).

E observo, por conta própria, insistindo no valor marcado da ação anônima da sociedade brasileira em face da pompa, fictícia muitas vezes, das palavras e gestos oficiais dos governos, invocando em favor de minha tese a contra-prova