À margem da História do Brasil

histórica decisiva e notavelmente esclarecedora do fenômeno: Todas as conquistas oficiaes de terras no Brasil redundaram em fracassos veementes: a Guiana ao Norte, a Colônia do Sacramento ao Sul, apesar da teimosia de João VI e Pedro I e apesar ainda do Tratado de Utrecht (1715), que reconhecera a conquista do Sacramento de 1680. Ficou apenas incorporada ao patrimônio nacional a conquista anônima — os dous terços atuais do nosso solo para além da raia de Tordesilhas, naquella linha originalíssima e de todo inesperada nos primeiros séculos, a linha divisoria extensíssima com que Pombal, inspirado por Alexandre de Gusmão, fixou o acordo de 1750, revigorado depois no tratado preliminar de S. Ildefonso (1777).

E não é só. Bem sabeis que o território do Acre foi incorporado ao nosso país, durante as décadas republicanas, depois que sertanejos, batidos pelas secas do Nordeste, realizaram o milagre de uma outra epopeia anônima em nossos tempos. Aí tendes, senhores, a obra máxima de Rio Branco. Ele exigiu apenas, no limiar do seculo XX, corno Gusmão fizera no antro médio do seculo XVIII, que fossem respeitadas as conquistas anônimas dos filhos de nossa terra: Missões ao sul, defendendo as conquistas paulistas do século XVII; Amapá, a legitimação de nossos direitos em face de argumentos capciosos da diplomacia