À margem da História do Brasil

qualquer andante que acompanhasse, corrigindo pela fixação interior das gentes, a discontinuidade das ocupações insuladas da costa imensa.

E, no entanto, o São Francisco — aquela dádiva opulentíssima da natureza — não mereceu a atenção da nossa história. Esqueceram-na, mesmo, aqueles que admiraram o assombro da unidade, invocando causas mais pomposas e menos verdadeiras.

A terra é o esqueleto dos organismos sociais, eis a maior e mais harmoniosa descoberta sociológica do século passado, só atingida, com sacrifício, depois de afirmações isoladas ou exageros prejudiciais sobre as raças, os climas e os alimentos humanos. O São Francisco é a coluna magna de nossa unidade política, o fundamento basilar que reagiu e venceu todos os imperativos caracterizadamente centrífugas oferecidos pelo litoral. Porque, enquanto os federalistas republicanos da costa norte reagiam aos monárquicos unitários do sul nos começos do século XIX, aquele caminho interior já havia fixado as migrações, quer do sul quer do norte, naquelas caravanas anônimas que se repetem ainda hoje nas arremetidas dos baianos que vão fecundar a riqueza dos cafezais paulistas, e nas peregrinações dos mineiros que vão ao Bom Jesus da Lapa, ou, muito