A história brasileira dos arquivos portugueses era a "história da costa". Nem podia ser outra, escassa que foi a penetração oficial da terra brasileira. Demais perigosa. Duas vezes perigosa. Uma, por incidir no ajustado no Tratado de Tordesilhas (1494), aceita como fora "a raia" limítrofe com os domínios da Espanha; outra, por não ser rendosa, desesperançados que ficaram aqueles que foram ou que mandaram que se fizessem as primeiras "entradas" ao norte pela terra a dentro.

A conquista da terra no Brasil foi, antes de tudo, "particular". Contrastando com o oficialismo régio dos descobrimentos e com a repartição régio-feudal da terra descoberta em nome da coroa, o núcleo mestiço de habitantes concentrado no Planalto de Piratininga executou a sua grande epopeia aventureira por conta própria, particularmente, independentemente dos desejos da mãe pátria.

As capitanias haviam sido doadas: nelas, pois, instalados os áulicos com suas nobrezas, títulos, escravos, direitos, privilégios e regalias. E, apesar da enormidade da terra naquela costa imensa, sobre que se contaram as léguas de doação, acomodaram-se mal tantos direitos e posses em tão vastos latifúndios... Cedo vieram, sem despacho, de Portugal, o "drama e a tragédia", como opinou João Ribeiro, fundindo no seu relato