A conquista do Brasil

da agricultura, até hoje devora a fímbria das florestas. Ninguém pode dizer onde a civilização acaba e o sertão começa. Quando a gente se aproxima e tenta delinear um limite, ele se esvai como miragem do deserto; mas, a velocidade com que o mato se afasta e o processo pelo qual o homem vai conquistando o sertão brasileiro não são difíceis de se avaliar.

É esta a tarefa a que nos propomos: uma narrativa da influência que mutuamente se exercem a terra e o homem; extensão demasiada de território e população diminuta; as pegadas humanas sobre o chão e a impressão causada pela campina, pela montanha e pelo planalto sobre o homem que os habita. Não se trata de um livro de viagem conquanto, para a sua confecção, tenhamos viajado através de todos os Estados da União Brasileira, com exceção de Piauí e Goiás, tendo igualmente visitado Portugal para inquerir a antiga metrópole da maior das repúblicas sul-americanas.

Nem pretendemos que A Conquista do Brasil seja de fidelidade fotográfica ou que tenhamos nele exaurido o assunto; para que nos fosse possível apanhar na sua totalidade uma cena que há quatro séculos se vem desenrolando no palco de um continente inteiro e depois reproduzi-la em síntese num restrito campo visual, foi-nos necessário observar essa cópia imensa de fatos históricos através de uma lente de redução tão poderosa que fizesse desaparecer os pormenores de importância secundária, deixando apenas à vista os fatos sociais que mais se destacam contra o fundo do quadro. Um esboço impressionista, é verdade, mas, baseado na melhor ciência do nosso tempo. Quando o maior império do planeta

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