CAPITULO 1
ANNO DOMINI 1500
Felizes para o Papa foram os albores do século XVI. Por essa época, Copérnico, olhos fitos no firmamento, observava os astros, mas, ainda não havia abalado a teoria de que a terra era o centro do Universo para reduzi-la à posição secundária de mero satélite do Sol. Lutero, o monge apóstata, delineava já o seu plano traidor, mas, ainda não havia aberto a luta. A era das grandes Cruzadas já havia passado, é verdade, mas o seu espírito ainda não havia desaparecido de todo. A Sagrada Inquisição estava em franco desenvolvimento e nas Espanhas, um menino genial crescia já, que deveria mais tarde levar a cruz de Cristo aos povos da Ásia e aos gentios cuja existência nem ao menos era suspeitada, — Santo Inácio de Loiola.
Era magnífico ser Rei no primeiro dia do século XVI; e, os dois soberanos que então reinavam na Península Ibérica tinham motivos de sobra para estarem satisfeitos com os seus tronos. O Rei das Espanhas havia há pouco recebido o continente Norte Americano como modesto presente de um navegante genovês de nome Colombo; e, apenas três meses antes, um tal Vasco da Gama, de volta de Calicut, trouxera para o Rei de Portugal a África e a Ásia como lembranças da sua excursão. Na península mais próxima um florentino ilustre, de nome Machiavelli, ocupava-se em reunir material para a confecção de manuais que haviam de dar grande impulso à complicada técnica de aproveitar