A conquista do Brasil

tais oportunidades; Leonardo de Vinci, Rafael e Miquelangelo adornavam a civilização da época, e, conquanto a Confederação Suíça já tivesse proclamado a República, constituía ainda um tão pequeno oásis no deserto imenso da monarquia absoluta, que qualquer rei da Europa poderia considerar-se no melhor dos mundos com o cetro que Deus lhe deu.

Isto principalmente com respeito ao Rei de Portugal que justamente no dia de Ano Bom estreava o novo título com que havia sido agraciado: SENHOR DA CONQUISTA, NAVEGAÇÃO E COMÉRCIO DA ETIÓPIA, ARÁBIA, PÉRSIA E ÍNDIA. Um dos seus mais fiéis vassalos, Pedro Álvares Cabral, municiava já as suas naus com bolachas, vinhos do Porto e pólvora, em preparação para o descobrimento do Brasil na viagem cujo fim principal seria o de conquistar para a Coroa portuguesa o monopólio do maior dos empórios do mundo conhecido — o comércio asiático. Lisboa estava para se tornar tão importante no comércio mundial como Londres no século XIX e Nova York no século XX. O Rei de Portugal seria o Creso da sua geração.

Para uma certa parte da costa da África, porém, o dia de Ano Novo de 1500 não marcou era igualmente feliz. Havia já cinquenta anos que, quando os seus filhos tisnados ateavam fogo ao mato em preparação da grande caçada anual, apareceram ao longo da praia oito grandes pássaros de brancas asas. Os negros afluíram à borda do mar para contemplá-los. As asas dos pássaros fecharam-se e, de baixo delas, vieram para a praia uns homens esquisitos, de pele branca e que usavam roupas. Foram esses homens que levaram nos pássaros brancos, a caminho do desconhecido, 200 filhos das selvas africanas. Os negros não haviam compreendido ainda que os queriam para serviço do Papa, nos domínios da Ordem de Cristo, no Algarves. A única cousa que ficaram sabendo é que dos 200 que

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