foram, nenhum jamais voltou. Depois desse dia fatal, as visitas se tornaram cada vez mais frequentes. Os brancos, em cujas cadeias aqueles corpos negros em vão se retorciam, vinham do Norte, surgiam do mar para roubar seus filhos, suas filhas, chefes, sacerdotes e os seus mais valentes guerreiros. E iam sob ferros a caminho do mistério. Ninguém voltava nunca. A calamidade assolava, portanto, os habitantes da costa da África ocidental no dia do Ano Bom do século que nascia.
Mas, do outro lado do mar, na margem oposta do grande oceano azul que se estendia para o poente, outros selvagens gentis reclinados em suas redes, ao longo do anfiteatro amazônico, inteiramente despidos, fumavam descuidadamente o seu tabaco, pois, ainda tinham três longos meses para ensaiarem a cena do descobrimento e, dentre esse povo de hereges não haveria um só talvez, que desse um mero fruto podre em troca de todas as bençãos que os povos cristãos pretendiam lhes oferecer. Essas almas simples nem ao menos suspeitavam que 1500, o ano da sua condenação, já surgia nos horizontes da história.
Portugueses, Negros e Índios.
São esses os personagens que hão de representar o drama a que vamos assistir. Como, porém, todos têm línguas diferentes e nenhum deles fala o inglês, talvez uma palavra de apresentação, antes que surjam no palco da história, torne mais claro o desempenho do seu papel.