A conquista do Brasil

peito. Todos usam ligas. Também, aí está toda a indumentária do selvícola. Quando o índio veio do Norte e mergulhou nos trópicos despiu-se inteiramente como homem sensível que era.

Com o corpo coberto pelo escudo de guerra, fácil é compreender-se porque os tomaram os antigos exploradores pelas lendárias Amazonas, esses guerreiros com aparências feminis.

Quando a noite cai, as mulheres voltam da plantação de mandioca, na floresta, trazendo cestos de raízes que serão transformadas em pão na manhã seguinte. Os homens voltam da pesca. Um deles traz um macaco abatido que é imediatamente atirado para dentro de uma vazilha com pimenta - esse ingrediente tão disseminado nas zonas tropicais para condimentar as carnes sem sabor. Contamos cerca de uma centena de criaturas de todas as idades na maloca, à noite, ao ser fechada a porta principal. Turba feliz apesar de taciturna, a exceção de uma menina de cerca de 12 anos que chora num sotão enfumarado, passando a mandioca e água há quase um mês, em preparação para a tunda ritual que lhe demarcará o advento das alegrias e privilégios feminis, e de três ou quatro que tiritam e gemem ao redor do fogo, jungidos pela febre.

Ao alvorecer, quando o som da alvorada ressoa das flautas selváticas, todos: homens, mulheres e crianças, em turbilhão, acorrem ao banho matinal, pois, um índio do mato faz tanta questão do seu banho quotidiano quanto o faz um refinado cavalheiro inglês.

Não há pressa de trabalhar logo depois da primeira refeição, entretanto, esse povo está longe de ser vadio. As mulheres têm suas plantações a cuidar: batatas de diversas qualidades, inhame, milho, pimentas, frutas de diversas espécies para as quais não há nome em inglês, plantas para extração de fibras e tintas, o tabaco e finalmente, a mandioca. Têm também que

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