fazer pão todos os dias, na zona do Uaupés. Têm que destilar veneno para as flechas e para pescaria; serviço este tão perigoso que às vezes a mortalidade feminina é nele ainda maior do que a dos homens que na guerra são vitimas dos pontaços ervanados. Os bebês famintos vão sugando avidamente os seios das mães. Não, as mulheres dos selvícolas não são totalmente ociosas. De fato, uma boa esposa constitui a mais valiosa propriedade que um homem pode adquirir; se tiver duas ou três, considera-se rico.
Agora, o fato de não ter sido esse povo inteiramente independente do ponto de vista econômico, não deve predispor contra ele a mentalidade do homem moderno. Derrubam o mato quando têm de plantar; e a faina de abater os gigantes do Amazonas com machados de pedra e cunhas de madeira não constitui de forma alguma passa-tempo agradável. Constroem pirogas de quase 14 metros de comprimento por um e tanto de largura e suficientemente fortes para suportar o atrito das pedras, nas corredeiras. Fabricam belas armas, a zarabatana, arma ainda melhor que o rifle para abater um pássaro do cimo de um colosso botânico da Amazônia. Se, sobre os ombros da mulher pesa todo o trabalho agrícola, ao homem cabem as funções de pescador, caçador e guerreiro. Diante de sua técnica de pescar com anzóis feitos de espinho de palmeira, redes, armadilhas de diversas qualidades, cesto; pendurados sobre as cachoeiras para apanhar os peixes que tentam galgar o fio d'água, e ainda a pescaria por meio de tóxicos — sem que nada se diga da audácia com que mergulham e agarram a mão livre o peixe em seu elemento natural — pouco terão que aprender com os esportistas modernos. Conhecem os bancos de areia onde a tartaruga deposita seus ovos e as árvores onde as abelhas destilam o mel; pois, tanto o