A conquista do Brasil

Eram vários os costumes, mas, podemos sintetizá-los mais ou menos assim: durante a primeira infância era sujeita a regime alimentar inferior ao dos meninos. Depois do cerimonial selvagem da puberdade, casava-se aos dez ou 12 anos com um jovem de 15 a 18 de quem orgulhosamente se tornava escrava. Quando a tribo largava as velas e as impelia o vento da sua nômade fantasia, era ela quem suportava o peso da bagagem. Na caça, apanhava as vítimas que o seu companheiro ia abatendo. Aos primeiros sintomas de gravidez o marido se afastava de sua companhia e era então submetida a uma rigorosa dieta na qual não entrava espécie alguma de carne. Quando sentia próximo o momento do parto, ia só, para o mato, rebentava ou cortava ao dente o cordão umbilical e procurava imediatamente água onde pudesse banhar-se e lavar o recém-nascido; depois, ia para o serviço e o marido tomava o filho em seus braços até que secasse e caísse o umbigo. O Brasil é um dos muitos países em que, entre os selvagens, prevalecia a crença de que tão íntima era a união entre o pai e o filho que o primeiro deveria cercar-se de todo o cuidado para que o filho não viesse a sofrer. Se a mulher olhasse para as máscaras sagradas, ou para os instrumentos do Juruparí, era executada. Se cometia adultério, o castigo era o tacape ou uma cutilada, enquanto que o sedutor era considerado inteiramente inocente. Quando não estava tecendo uma rede, tinha o campo de mandioca a cuidar. Aos 25 anos, velha já, com os peitos pendentes e feia de rosto, nada mais lhe restava que servir as esposas mais novas que iam usurpar-lhe o afeto conjugal. Assim, a poligamia tornava-se uma forma bem aceita de partilhar essas dúbias honrarias. Nada encontramos na situação social da mulher primitiva que compensasse

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