maloca existiu como instituição, desde a Colômbia até o Rio de Janeiro, São Paulo e Paraguai. Em certas tribos os caçadores, servindo em rodísio, mantinham uma reserva comum de alimento de que todos indistintamente se podiam valer. Eram totalmente comunistas.
Pelas Américas havia milhares de línguas diferentes, mas, de quatro troncos principais derivava o linguajar da maioria do selvícola brasileiro: Tupi, Tapuia, Arauak e Cariba.
Quanto ao casamento, a monogamia ou a poligamia nesses povos parece ter dependido mais do recheio da despensa que de hábito social enradicado — e nisto não difere muito dos costumes que modernamente imperam em muitos países civilizados. A maioria dos varões se contentava com uma única esposa; os chefes, porém, e os curandeiros tinham-nas em maior número. Não havia preconceito algum que impedisse um homem de se aliar a tantas mulheres quantas conseguisse engajar entre as que para ele trabalhavam. A poliandria, porém, esse produto da miséria primitiva, era desconhecida em Santa Cruz. A castidade pré-nupcial não tinha aí tanta importância, mas, também, não era assunto de cogitação séria porque as meninas se casavam apenas entradas na puberdade. E o rito da pubescência constituía, em muitas tribos, cerimônia bárbara. Depois de passar a jovem um mês a farinha de mandioca e água, reuniam-se os membros da família e seus amigos, munidos já de caniços flexíveis, e o corpo nu da donzela sofria tão impiedoso açoite, quatro vezes repetido em seis horas, que em geral desmaiava e não raramente sucumbia.(11) Nota do Autor
Sem dúvida, a vida da mulher, nas tribos brasileiras, reduzia-se a uma interminável agonia de trabalho.