Figuras do Império e outros ensaios

"Paulo e Virginia". Um grande amigo da floresta, Bernardo de Oliveira, mandou vir em mudas do Paraná, à sua custa, as formosas aroeiras que ali se ostentam. Perto dali fica a fonte Piraju, assim chamada em memória do filho único do barão de Escragnolle, falecido nessa localidade paraguaya.

Do outro lado, ao fundo do vale, serpeia um filete d’água entre avencas e samambaias. Lembrei a Kipling o velho Martius como uma prova do poder descritivo da palavra. Como seria possível descrever em duas palavras aquele vale, aquele fio d’água cristalina, aquelas margens escarpadas, aquela vegetação toponímica de avencas, musgos, samambaias e fetos arborescentes?

Pois isso tudo não se define no nome que Martius deu à gravura dum lugar análogo que viu em Ouro Preto? Pois isso tudo não se compreende na designação de "silva rórida"? Não pode haver "silva rórida" sem vale e sem lacrimal. E onde há vale e lacrimal tem de haver musgo, avenca, samambaias e fetos. A palavra humana equivale, às vezes, ao pincel.

Rodamos de volta. Passamos pelo "Alto do Almirante", donde há uma soberba vista. Contei-lhe que o nome vinha de um parente do barão de Escragnolle, o almirante Beaurepaire, que deixou nome em nossa história. Não sei se foi ele ou um parente que morreu de um bicho de pé arruinado, que lhe produziu gangrena. Esses incidentes eram

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