raças nutridas pelo senso das realidades, dos homens que não se pagam de teorias, nem de ficções, e que sabem encarar, com serenidade e frieza, a vida como ela é nas suas feialdades e egoísmos, nos seus instintos e paixões - porque creem no poder transfigurador da vontade, quando aplicada com tenacidade, continuidade, energia na obra da própria salvação. Os povos sentimentais e imaginativos, as raças idealistas que não creem na força desse poder incalculável que, como a fé, abala montanhas, esses fecham os olhos às realidades para não as ver, quando elas dizem das suas fraquezas, das suas incapacidades, das suas insuficiências, das suas misérias: - e preferem ser como os sepulcros caiados da Escritura.
Esses povos, que assim praticam o culto consciente e sistemático da própria ilusão, estão condenados a perecer. Quem os vai eliminar são esses rijos manipuladores de fatos e realidades, esses povos práticos e experimentalistas, cujo esplêndido senso objetivo das cousas da vida os escuda contra as sugestões e as insidia de um certo otimismo que, ao invés de aceitar as verdades cruéis ou dolorosas para corrigi-las ou elidi-las, preferem dissimulá-las, recobrindo-as do recamo florejante das ficções amáveis.