Diretrizes de Rui Barbosa

sonolência e imprevisão, de esterilidade e tristeza, de subserviência e hebetamento, o gênio do artista, refletindo alguma coisa do seu meio, nos pincelou, consciente ou inconscientemente, a síntese da concepção, que tem, da nossa nacionalidade pelos homens que a exploram.

NOTA

Essa referência de Ruy Barbosa nacionalizou o nome de Monteiro Lobato, "o admirável escritor paulista", cujo grupo de admiradores se viu dum dia para outro transformado em legião. Foi Ruy muito atacado por ter visto no caboclo de Monteiro Lobato o retrato do Brasil. Espinafrou-se a suscetibilidade indígena. Esquecia, porém, a restrição do alegorista: a síntese da nacionalidade, tal e qual a fazem os que a governam.

O quadro debuxado pelo escritor é o de um Brasil real, de um Brasil que todos conhecemos, do Brasil visto e denunciado por Miguel Pereira e Belizário Pena. Esse Brasil Ruy o conheceu não só no sertão, como ainda no litoral. Na Praia Grande, que vai do forte de Itaipus a Conceição de Itanhaem, Ruy teve ensancha de ver a população praieira em suas choças de pau a pique, à beira dos jundus, dentro da mata carrasquenta. Cadavéricos, opilados, indolentes, tristonhos, abúlicos, não se lhes encontrava nas palhoças

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