explicaria que, quando todas as nações andam à competência, no campo da honra, em dar, qual a qual mais, em modelos ao universo atento, os seus maiores homens, as suas maiores ações e as suas maiores qualidades, a política brasileira elegesse este momento, para assombrar o mundo com a sua inveja, a sua tacanharia, a sua corrupção e a sua cegueira; para juntar, aos olhos do estrangeiro, numa só cena, como representação da nossa mentalidade, um concurso de indivíduos, vícios e opróbrios, que obrigariam a corar o mais desgraçado e o menos sensível retalho da humanidade.
NOTA
A República, no Brasil, repousou sempre sobre a comédia eleitoral. O sufrágio popular não passava de um simulacro de escrutínio, que referendava a indicação dos régulos políticos, senhores pro meio do caucus legislativo de todas as oligarquias estaduais. Quem quiser se convencer dessa verdade não tem mais do que consultar as atas eleitorais, que registavam os votos das eleições presidenciais. Salvo as de três ou quatro Estados, onde se abriam realmente as urnas, as assinaturas dos votantes eram traçadas pela mesma mão, sem o trabalho de alterar a caligrafia. Nem as aparências se guardavam.