Nas questões atinentes à nossa situação internacional, nunca perco ocasião de clamar que me assombra a imprevidência dos nossos chefes de Estado. Dormem sobre o travesseiro da mais perigosa tranquilidade. Confiam na intervenção das grandes potências para frustrar qualquer embate. No momento em que a China asiática assombra o mundo desenvolvendo contra a invencibilidade nipônica a mais surpreendente das resistências, a pobre China americana, que é o Brasil, não tem um cruzador, um destroyer , um submarino ou um canhão capaz de se opor com eficiência ao estrangeiro. Menos que isso: amanhã, qualquer avião inimigo pode cruzar com toda a tranquilidade os nossos horizontes, porque não temos um só canhão antiaéreo.
Haverá quem estranhe estas revelações? Não há por que. A nossa situação militar é um segredo de Polichinello...
O Brasil é do reino das contradições e o paraíso das pilherias oficiais. Convidado para tomar parte numa Conferência de Desarmamento, aceitou pressuroso. Completamente desarmado, ia para uma Conferência cujo assunto era o desarmamento em que ele já se acha. Muito mais motivo tinha o queijo do reino para tomar o automóvel e ir à casa do calista. Essa presença de coelho no armistício celebrado pelo partido dos tigres então em guerra com os elefantes, já foi celebrada por um fabulista hindu. O elefante perguntou, espantado, ao tigre:
— "A que vem o coelho à nossa conferência?"
O grande felino lhe respondeu, com toda a calma: