15 anos, os grandes marcos luminosos de nossa inteligência. É possível que outras, surgidas ou melhor afirmadas depois, possam com elas concorrer. Não deixa, todavia, de ser temerário falar, disse alhures, sobre os que vivem ao nosso lado, no contato de todos os dias.
Deveria acrescentar à Inteligência da Brasil um estudo inédito sobre Castro Alves, a mais pura e alta expressão da nossa poesia. No entanto, tal próposito tirava ao livro o caráter de reedição de trabalhos antigos. Pareceu-me mais lógico completá-lo com um ensaio publicado em 1922, relativo à nossa evolução literária. Desejei também refundir completamente os meus estudos críticos para dar-lhes feição mais objetiva ou menos impressionista. Mas iria prejudicar-lhes o possível mérito da espontaneidade e da sinceridade. Na época em que tão vivamente me atraía a crítica literária, era prisioneiro de Sainte-Beuve, Taine, Renan, Remy de Gourmont, Lemaitre e Anatole France. Verdadeiros pontos de apoio do meu pensamento. Outras leituras, outras meditações e o trato da vida libertaram-me dos mestres queridos. Entretanto, relendo o que escrevi, não posso recordar-me, sem emoção, do tempo em que acreditava no rígido determinismo taineano e me deliciava com o estilo "ondulante" de Renan e o ceticismo irônico e dissolvente de Anatole France...
JOSÉ-MARIA BELO
Rio, Setembro de 1934.