Ensaios de antropologia brasiliana

não pode ser proposta como remédio imediato para um mal agudo. Em sociologia, mais do que no resto, pouco se pode fazer para alterar um sistema atual. Quanto aos adultos e aos velhos - é quase certo - nada vale o preconceito. Não é de esperar qualquer transformação nos seus hábitos de trabalho incerto e indisciplinado. Mas resta a grande massa dos moços, ainda não definitivamente fixados nos costumes meio-índios do viver ao léu da vida. É a maior massa, que poderá ser desde já orientada para o trabalho agrícola regular, como o que se faz no sul, e, um dia, se há de fazer no próprio norte.

Algumas "colônias" bem organizadas e bem localizadas, poderiam preparar na atividade sistemática necessária, os que precisam emigrar, ou mesmo os que terão de praticar a cultura de irrigação.

Sei bem que esta minha utópica sugestão será, para muita gente, ideia absurda de um naturalista transviado. Muitos dirão que a manutenção dos institutos existentes já é tão difícil. Como pensar em outros? Mas não se trata de estornar um vintém de nenhum orçamento escolar existente. A metade, ou mesmo a terça parte, do que hoje se gasta com a imigração estrangeira seria o necessário para preparar a imigração nacional, quando ela não puder ser evitada.

Ensaios de antropologia brasiliana - Página 28 - Thumb Visualização
Formato
Texto
Marcadores da Obra