Pelo Brasil maior

garoupa. Recusou as dez libras da alfândega, mas deixou a própria filha adereçar-se, no dia do casamento, diante do altar, à face de Deus, com as joias roubadas à Marquesa de Távora.

A lenda conseguiu fazer de Pombal aquilo que nunca foi.

Não teve convicções. Mas passa por ter sido um caráter. Foi carola. Mas passa por livre pensador. Foi pupilo dos jesuítas, a cuja custa subiu. Mas perseguiu-os, exterminou-os. Foi despido de vaidades. Mas não saía à rua sem uma espectaculosa escolta de sessenta dragões comandados por um capitão. Era continente e cauto. Mas além das estúrdias com as ribombeiras londrinas, pecados veniais da mocidade, deixaram fama em Lisboa certas cirandas em conventos. Tinha em grande conta a dignidade humana. Mas não descia da sege sem que lhe servisse de estribo o joelho do capitão da guarda. Odiava a nobreza. Mas empoleirou-se em conde de Oeiras e Marquês de Pombal. Era íntegro. Mas granjeou uma grande fortuna e defendeu por escrito o direito dos ministros à concussão. Era impulsivo e intolerante. Mas a sua hipocrisia e o seu poder de dissimulação foram tais que chegou a iludir os jesuítas, profundos conhecedores dos homens. Era português dos quatro costados. Mas macaqueava Sully e Richelieu. Era cioso da sua dignidade e do seu cargo. Mas rendia toda a espécie

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