garantia Antonelli a Penedo. A verdade, porém, é que a confiança do Papa fora ilaqueada e que a carta monitora, mesmo se contivesse aqueles precisos termos, foi desautorizada pela atitude ulterior do Papa, aprovando todos os atos dos seus bispos.

Muita tinta tem corrido para explicar esse grave incidente. Mas o nó vital da questão quem no-lo descarna é o próprio Pio Nono, na carta em que pede a D. Pedro II que ponha termo à questão, restituindo a liberdade aos bispos. Diz ele: "Siccome le leggi civili non concordano colle leggi canoniche, non poteva a meno che nascesse un contrasto". Tinha razão o Vigário de Cristo. A desconformidade das leis civis com as leis canônicas tinha de redundar fatalmente num choque.

A repercussão desse choque, embora não o sentissem os dirigentes da época, fazia estremecer os alicerces do próprio trono. O Império por sua natureza devia ter na religião o seu sustentáculo. Abalá-la era abalar-se. Discutir-lhe a legitimidade era pôr em cheque a própria. Desde esse momento os espíritos mais sagazes da monarquia começaram a vê-la como uma nau desarvorada no escuro, correndo ventapopa para o esporão dos recifes onde teria de naufragar.

As várias confissões e seitas religiosas que aqui se implantaram não tiveram influência considerável na nossa formação espiritual, já consolidada