Pelo Brasil maior

setecentistas, que bastariam para a consolidação econômica do velho Portugal e no entanto apenas serviram para as prodigalidades joaninas, as extensas lavouras de café, que constituiam a riqueza do segundo reinado, obra foram, apenas e exclusivamente, do negro. Negro e trabalho tiveram sempre no Brasil uma fatal e irremediável sinonímia.

Era impossível separá-los. Assim pensava um dos nossos mais profundos pensadores: o grande Bernardo Pereira de Vasconcellos.

Chamado ao trono pela abdicação paterna, viu-se D. Pedro II desde a infância cercado de conselheiros e mestres, imbuídos das mesmas ideias. À proporção que envelhecia, verificou-as por si mesmo. Admitido, como tem de ser, se se quiser discutir de boa-fé, que a extinção da escravidão desorganizaria o trabalho, produziria um abalo formidável na fortuna pública e privada e encheria o país de ruínas, pergunta-se: podia um chefe de Estado constitucional, opondo-se às classes que representavam os interesses conservadores do país, decretar de um golpe a extinção do elemento servil? D. Pedro II julgou que não. E sopitando os seus impulsos pessoais esperou pelo momento oportuno.

A demora desse momento foi o grande erro do seu reinado, o erro que lhe custou talvez o trono. Tivesse ele, logo depois da guerra do Paraguai

Pelo Brasil maior - Página 44 - Thumb Visualização
Formato
Texto
Marcadores da Obra