Pelo Brasil maior

Francia pronunciou no Paraguai a palavra encantada. Mas se alguém se desse ao trabalho de ir ver no que consistira o seu exorcismo, ficaria estatelado de assombro. A república no Paraguai era Francia. Ele era tudo, a religião, a lei, a riqueza, o trabalho. Reduzira os seus vassalos à condição de "animais com aparência humana" como diz um escritor platino. E chamava república a essa necrópole de consciências!

Augusto Comte, reduzindo a história à equação positivista, entronizou Francia num dos altares da sua igreja, e colocou o sinistro caudilho entre os ditadores providenciais, legando ao Brasil o triste e ridículo previlégio de endeusá-lo, felizmente por um número infinitesimal de prosélitos.

Não tinha à mão um documento, não consultara um arquivo, não investigara. Lera Carlyle, que criou um Francia inexistente, um Francia de que os próprios ditadores que lhe sucederam se envergonhavam. "Nunca seré abogado de la tirania de Francia", dizia Berges a Brizuela na sua confidencial de 6 de setembro de 1864. Berges era o porta-voz de Lopez. Sua correspondência oficial passa toda sob os olhos deste. Essas palavras são o julgamento de Francia por Solano Lopez.

O psiquiatra argentino Ramos Mejia estudou profundamente a carreira desse epiléptico lavrado.

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