Pelo Brasil maior

Dois irmãos loucos mostram-lhe claramente a tara heredossifilítica. Episódios da adolescência patenteam a sua lesão medular de sentimentos.

No Colégio de Córdoba um colega encontra sobre a sua cama três lindos duraznos. Faz a pilhéria, tão inocente entre escolares, de comê-los, deixando os caroços. Gaspar não diz nada. Rumina a gaiatada como se fosse mortal insulto. Prodigiosamente dissimulado, dir-se-ia até que não percebera a troca. Eis senão quando, um belo dia, encontra de jeito o companheiro. Tem na mão esquerda os três caroços, a peça de convição, e na direita uma pistola. O réu tem de comer os caroços ou morrer. O companheiro conhecia-lhe a força. Engoliu os caroços. O tigre do Paraguai afiava as unhas.

Um dos seus professores deu-lhe uma penitência. Gaspar não se deu por achado, ao contrário, redobrou de provas de carinho com ele. Lenta e pacientemente, durante dois anos, remoeu um plano de vingança. O dormitório do professor era justamente debaixo do seu. Estudou minuciosamente a topografia do quarto e arrancou os ladrilhos de modo a abrir um buraco sobre a cama.

Uma noite estranho estampido despertou os ecos silenciosos do Colégio. Um tiro de bacamarte alvejara o leito do professor que por feliz casualidade inda não se deitara. A futura "glória da humanidade" dava a medida do que iria ser.

Pelo Brasil maior - Página 64 - Thumb Visualização
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